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Um tsunami de tecnologias

Data de Publicação: 12 maio 2005

por Fernando Birman*

Tsunami. A palavra recém incorporada ao nosso vocabulário traduzia as nossas expectativas sobre o impacto da internet na sociedade há alguns anos. A virtualização maciça abalaria grande parte dos negócios. Mas a bolha estourou e a poeira baixou. Ao invés da terra arrasada, encontramos a complementaridade do real e do virtual. E, certamente, um mundo bem diferente.

Há claros indícios de que a tecnologia provoca tsunamis. Quem diria que as máquinas fotográficas digitais sucateariam as tradicionais em tão pouco tempo? Que a telefonia móvel desbancaria a fixa? Que a venda de DVD ultrapassaria as bilheterias? Se o fenômeno internet não parece tão implacável, é pura ilusão.

Nas últimas semanas, vários artigos trataram da dificuldade de sobrevivência dos jornais. Eles não quebram, mas também não crescem. Todos tentaram criar versões digitais e fracassaram, salvo raríssimas exceções. Pois este é o jeito da internet de matar negócios.

Sem perceber, desenvolvemos hábitos definitivos e uma dependência da internet. A busca de informações, a consulta aos bancos, as compras, a entrega do IRPF e tantos outros, são evidências dessa recente mudança de costumes.

Apesar dos poucos nomes eternizados como sobreviventes da bolha, há mudanças mais importantes do que parecem. Só agora percebe-se que o modelo Amazon tem implicações muito mais profundas do que as comodidades visíveis. Os produtos ligados à cultura e ao entretenimento – livros, CDs e DVDs – estão entre os mais populares do comércio eletrônico e cada uma dessas categorias tem seus campeões de vendas. Retomando o sempre útil Pareto, 20% dos itens correspondem a 80% do faturamento.

Todos usam e abusam desta regra. Os livros do Paulo Coelho e do Dan Brown estão no posto, no supermercado e na livraria. Quem oferece os best sellers abocanha uma partezinha dos 80% do leão. Em qualquer loja, o espaço limitado e caro impossibilita a exposição e estocagem de inúmeros produtos.

É aí que entra a loja virtual com a sua prateleira infinita. A Amazon também quer empurrar Dan Brown, porém ela proporciona muito mais. Por meio de uma busca detalhada ou das próprias sugestões do site, podemos encontrar um artigo muito interessante, mas que nunca seria exposto numa prateleira.

Como pioneira, a Amazon tem o crédito da ressurreição de excelentes itens esquecidos pelo consumidor, associando-os aos lançamentos. Se ele puder navegar livremente através das prateleiras infinitas conforme o seu interesse, ele poderá se libertar do que lhe é empurrado.

A primeira conclusão é que a economia virtual ataca a armadilha dos best sellers. É possível ganhar dinheiro abocanhando um naco dos 20% do faturamento que é feito com 80% dos itens. Com custos operacionais baixíssimos, dá para se concentrar em nichos. A segunda conclusão é um grande salto de qualidade na cultura universal. Afinal, quantos milhares de filmes, livros e músicas não foram massacrados pela ditadura dos best sellers?

A bolha pecuniária estourou e diversas tecnologias produziram impactos relâmpagos na sociedade. Mas não subestimemos as mudanças causadas pela internet. Até mesmo as inocentes lojinhas virtuais tem um efeito revolucionário no médio e longo prazo.

Fernando Birman é diretor de TI do Grupo Rhodia na América Latina